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Justificativa e Objetivos

A área de Filosofia da Faculdade de Educação é responsável pelas disciplinas Filosofia da Educação I e II do curso de Pedagogia e Ética, Filosofia e Psicologia I e II do curso de Psicologia e as disciplinas de Núcleo Livre Ética e Problemas Contemporâneos, Tópicos Especiais de Filosofia e Educação: A modernidade e Tópicos Especiais de Filosofia e Educação: A contemporaneidade. Além desta área de Filosofia, a Faculdade de Educação têm também a área de Fundamentos da Educação que trabalha os fundamentos filosóficos, históricos e sociológicos nos cursos de licenciaturas.

A área de Filosofia da Educação criou em 2004 o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia (NEPEFE) que organizou diversos cursos de extensão em Fenomenologia e os Congressos de Fenomenologia da Região Centro-Oeste, contribuindo, assim, para colocar  o debate sobre a produção neste campo da filosofia na agenda dos debates da produção acadêmica não só na UFG, mas no Estado de Goiás e na região Centro-Oeste, constituindo-se num dos principais eventos de fenomenologia do nosso país. Recentemente os professores desta área resolveram transformar o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia em Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia e Educação, para abrigar os diversos projetos de pesquisas sobre Filosofia e Educação, assim como os Grupos de Estudos sobre Filosofia e Educação, como Grupo de Estudos Hegelianos, Grupo de Estudos Mounier, Grupo de Estudo Heidegger e Grupo de Estudos de Ética e Educação.

Em função destas mudanças, nós, professores da área de filosofia resolvemos organizar o I Simpósio de Filosofia, Educação e Psicologia, com a primeira edição para o período de 03 a 04 de outubro de 2016 objetivando contribuir para a melhoria da qualidade da educação superior no Estado de Goiás, sobretudo dos cursos de formação de professores.

 Numa sociedade que se considera relevante apenas o que tem finalidade prática, imediata e utilitária, como é na nossa sociedade, consideramos importante a contribuição da filosofia na formação universitária. As ciências possuem como objeto de investigação um determinado aspecto da realidade, assim, o objeto da história são os fatos históricos; o da pedagogia o ensinar; o da psicologia a psique; o da medicina a saúde; o da educação física as atividades físico-corporais; o do sociólogo os fatos sociais; o da geografia os espaços físicos e sociais. Portanto, as ciências se ocupam com um determinado aspecto da realidade. Por isso são conhecimentos tópicos, particulares. Enquanto o objeto da filosofia é o pensamento. Ao se ocupar com a reflexão a filosofia busca compreender o significado das diversas práticas sociais e científicas. A reflexão filosófica indaga o que são: a Verdade, o pensamento, os valores, a razão, a liberdade, a vontade, a autonomia, a utopia, a percepção, a imaginação, entre tantos outros conceitos. A filosofia pergunta quais as estruturas e quais são as relações que constituem uma determinada coisa, uma determinada realidade ou um determinado valor. Assim, “a atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar” (CHAUI, 2000, p. 12). É por isso que Von Zuben ao discutir as contribuições da filosofia para as ciências humanas, sobretudo à educação, afirma que pensar a possibilidade ou o sentido da articulação entre estes campos do saber “implica, antes de mais nada, pensar a própria tarefa que a reflexão filosófica reconhece como sua na atualidade” (1990, p. 10). Entendemos que essa tarefa é, sobretudo, a do diálogo e da contribuição, sem pretender colocar a filosofia como um super-saber, um saber mais importante do que os outros, sejam eles científicos ou técnicos. Ainda segundo Von Zuben, “o problema das relações entre campos do saber pode ser encarado como uma questão de demarcação entre esses campos. Disciplinas ou campos do saber podem manter relações incômodas uns com os outros. O exemplo característico é o que sucedeu com a Teologia e a Filosofia na Idade Média, quando a Filosofia era concebida como serva da Teologia. É necessária uma demarcação clara para se evitar que uma disciplina seja absorvida ou até mesmo eliminada por outra” (1990, p. 10). Podemos afirma que não há total independência entre as ciências, em especial as ciências humanas, e a filosofia e nem “a possibilidade de uma mútua redução” (VON ZUBEN, 1990, p. 11). É neste sentido que acreditamos que não só a filosofia apresenta contribuições para as ciências humanas como também estas ciências apresentam contribuições para a filosofia.

Podemos tomar como referência as reflexões de Adolfo Sánchez Vázquez sobre as contribuições das ciências humanas para a ética, que é um dos campos da filosofia, como sendo contribuições para a reflexão filosófica como um todo. O autor diz, por exemplo, que sendo a psicologia a ciência do psíquico, contribui com a filosofia quando “põe em evidência as leis que regem as motivações internas do comportamento do indivíduo, assim como quando nos mostra a estrutura do caráter e da personalidade”. As ciências que estudam as leis que regem o desenvolvimento e a estrutura das sociedades humanas, como a antropologia e a sociologia, também apresentam contribuições para a reflexão filosófica , já que nelas “se estuda o comportamento do homem como ser social sob o ponto de vista de determinadas relações; estudam-se, também, as estruturas nas quais se integram estas relações, assim como as formas de organização e de relação de individuas concretos dentro delas”. A economia política, por sua vez, como ciência das relações econômicas que os homens estabelecem no processo de produção, evidentes contradições destas relações influindo nos valores dominantes numa determinada sociedade. No caso da nossa sociedade capitalista, os valores dominantes são o consumismo, o produtivismo e a acumulação de bens materiais, reduzindo as pessoas a meros consumidores e produtores. O sentido da existência humana passa a ser o da produção e reprodução do capital, esvaziando o homem da dimensão humana (1998, p. 19-23).

A filosofia é importante para as ciências compreenderem o sentido do fazer científico. E, em especial, compreender o sentido do fazer pedagógico na formação do pedagogo e na formação de professores nas diversas licenciaturas e o fazer psicológico, no caso da psicologia. A questão motivadora do pensar filosófico quando se dirige às ciências é:  O quê, nas ciências, principalmente na formação de professores e na prática psicológica, nos faz pensar? Segundo Von Zuben, “À questão: "o quê nos faz pensar?" Kant respondia: a necessidade da razão, a busca de sentido que impele os homens a colocar questões" (1990, p. 12).

A filosofia com a colaboração das ciências humanas propõe compreender as relações possíveis entre ciência e formação. Relações que tem se direcionado mais para uma formação técnica e instrumental, esvaziada da crítica, da dúvida, do rigor acadêmico e da preocupação com a formação para a autonomia. Nesse sentido, a escolha do tema do Simpósio Filosofia, Educação e Psicologia: Diálogos possíveis, pretende abrir espaço de discussão acerca da contribuição da filosofia para a formação humana e profissional como contraponto ao à racionalidade técnico-instrumental que tem norteado a formação universitária.

Hoje existe uma tendência entre os cientistas de compreender que as ciências não possuem enunciados totalmente certos, seguros e rigorosos para suas investigações.  O que se observa atualmente são transformações nas ciências, que indicam a emergência de novos paradigmas. Em tal contexto, a racionalidade científica, além de abrir mão do monopólio da verdade, assume que talvez só possa lidar com aproximações e probabilidades. Essa nova racionalidade científica tem questionado radicalmente o paradigma cartesiano-newtoniano da ordem e tem exigido por parte de educadores, psicólogos, filósofos uma reflexão critica acerca das possibilidades e limites das repercussões dessa revolução epistemológica sobre a formação humana. Não podemos negligenciar o fato de que o caráter radicalmente técnico de nossa época transforma a universidade em uma agência prestadora de serviço, que privilegia uma concepção meramente técnica do mundo natural e humano. Uma universidade que tem como condição as demandas de mercado, como meio a burocracia, como modelo de gestão a empresa e como resultado a formação de técnicos sem nenhuma responsabilidade social ou atitude critica acerca da forma que é produzida, distribuída e assimilado o conhecimento.

Cientes dos desafios e buscando abrir um espaço para um diálogo entre filosofia, educação e psicologia, preservando ao mesmo tempo a autonomia dessas áreas de conhecimento, propomos essa primeira edição do SIMPÓSIO DE FILOSOFIA, EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA com o tema: Filosofia, Educação e Psicologia: Diálogos possíveis.

OBJETIVO GERAL

            Reunir pesquisadores, educadores, estudantes, profissionais de diversas áreas, promovendo e ampliando os debates, a comunicação dos estudos e pesquisas sobre as relações entre Filosofia, Educação e Psicologia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  •          Proporcionar um espaço de interação entre pesquisadores interessados na produção do conhecimento nas áreas da Filosofia,  Educação, Psicologia e das demais Ciências Humanas;
  •          Propiciar maior visibilidade às pesquisas dos estudantes e docentes envolvidos nos estudos das interações entre Filosofia, Educação, Psicologia e demais Ciências Humanas;

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